Especialistas falam sobre estratégias e tendências para empresas brasileiras expandirem seus negócios nos Estados Unidos, destacando a importância da cultura local, suporte jurídico e planejamento estratégico na nova era de globalização.
O mercado norte-americano sempre foi um destino cobiçado por empresários brasileiros que buscam expansão internacional. Mas como enfrentar os desafios culturais, legais e econômicos de um mercado tão competitivo? Nesta entrevista exclusiva, Degoncir Gonçalves, da DG4Business, Rose Giacomin, advogada especializada em Direito Empresarial, e Carlos Porfirio, advogado em um dos mais renomados escritórios da Flórida, revelam as estratégias, obstáculos e sucessos na internacionalização de empresas brasileiras para os Estados Unidos. Com muita experiência combinada, eles ensinam como a aliança entre consultoria empresarial e assessoria jurídica está criando um caminho seguro e lucrativo para brasileiros que desejam conquistar o mercado americano.
Mercado Norte-Americano
Quais são as principais tendências que você tem observado no mercado norte-americano que podem influenciar as decisões das empresas brasileiras em expandir para os EUA?
Degoncir Gonçalves: Este ano, celebramos 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, e as evidências dessa relação sólida estão por toda parte. A balança comercial entre os dois países vem batendo recordes consecutivos, e a Flórida destaca-se como o principal parceiro comercial do Brasil. Além disso, os Estados Unidos têm buscado intensificar suas relações com países próximos por meio do que chamamos de “nearshoring”, além de promover políticas como o “reshoring”, que atrai indústrias para todos os estados. Esse ambiente positivo é um forte indicador de que o momento é propício para que empresários e indústrias brasileiras considerem a expansão para o mercado americano.
Início de um projeto de expansão
Como se inicia um projeto de expansão de negócios para os Estados Unidos?
Degoncir Gonçalves: O primeiro passo crucial é entender por que você quer oferecer o seu produto nos Estados Unidos. Essa análise inicial envolve a coleta de motivos e a compreensão de se o produto tem aderência ao mercado americano, qual será seu apelo, se possui vantagens competitivas, e se consegue superar as barreiras tarifárias e não-tarifárias, por exemplo. Na DG4Business, nossa segurança vem de mais de 20 anos de experiência em projetos estratégicos, com um portfólio abrangente de empresas em diversos setores. Nossa abordagem é holística, equilibrando aspectos jurídicos, fiscais, logísticos e comerciais, que, juntos, justificam a existência de qualquer projeto de expansão.
Impacto econômico e cultural
Como você orienta os empresários brasileiros a lidarem com as diferenças culturais e econômicas entre Brasil e Estados Unidos? Quais são os maiores desafios nesse aspecto?
Degoncir Gonçalves: Nós, da DG4Business, enfatizamos a importância de entender profundamente a cultura local e o estilo de fazer negócios nos Estados Unidos. O estadunidense é direto e cartesiano, e espera a mesma postura de quem está do outro lado da mesa. Diferenças culturais, barreiras linguísticas e a necessidade de aprimorar a objetividade são desafios frequentes que nossos clientes enfrentam. Para superar esses obstáculos, recomendamos seguir modelos de sucesso já estabelecidos, o que facilita a criação de relações de longo prazo. Outro aspecto essencial é contar com prestadores de serviços competentes que possam apoiar os projetos dos empresários brasileiros em solo americano.
Conexão estratégica
Como surgiu a parceria entre a DG4Business e o escritório de advocacia Bogin, Munns & Munns e Rose Giacomin? Quais fatores foram determinantes para essa aliança que envolve Brasil e EUA?
Degoncir Gonçalves: Toda parceria de sucesso nasce do alinhamento de valores. Nós três acreditamos profundamente na importância de demonstrar credibilidade, não apenas falar sobre ela. Nossa contribuição para os planos de expansão e internacionalização de empresas é orientada por uma abordagem correta, baseada em conhecimento profundo dos assuntos inerentes a cada negócio, respeito aos compromissos assumidos e foco em ajudar nossos clientes a gerar negócios. Essa parceria fortalece a posição de empresas brasileiras no mercado americano, oferecendo um suporte integrado e estratégico.
Suporte aos empresários brasileiros
Como a DG4Business está preparada para apoiar empresas brasileiras na internacionalização para os Estados Unidos? Quais são os serviços específicos que vocês oferecem nesse processo?
Degoncir Gonçalves: Existem diferentes níveis de expansão para os Estados Unidos. O primeiro é o auxílio para incrementar as exportações; em seguida, ajudamos no estabelecimento de uma base logística, até chegarmos à implementação de uma fábrica nos EUA. Na DG4Business, nosso maior recurso são as pessoas e o conhecimento acumulado em relação à expansão internacional. Vamos além de uma consultoria tradicional – desenvolvemos o planejamento estratégico e, em vez de entregar apenas um plano de negócios, oferecemos a execução do plano e a presença local nos Estados Unidos para nossos clientes. Chamamos isso de “extensão executiva”, que permite aos nossos clientes terem um representante local nos EUA para gerenciar a operação.
Integração dos serviços jurídicos
Como os serviços jurídicos oferecidos pela Bogin, Munns & Munns complementam a consultoria empresarial da DG4Business? Pode dar um exemplo de como essa integração beneficia os clientes?
Degoncir Gonçalves: O aspecto jurídico é fundamental, não só como um recurso de discussão judicial, mas principalmente como uma prevenção baseada em boas práticas. Um exemplo é a importância de um plano de imigração para empresários que pretendem mudar-se para os EUA. Desde o início, um advogado é essencial para garantir que todas as ações estejam em conformidade com a legalidade. Outro exemplo é a análise e preparação de contratos, que exige conhecimento profundo das leis americanas, além das particularidades de cada estado. Um cliente que presta atenção a todos os detalhes aumenta as chances de iniciar operações de forma mais rápida, assertiva e lucrativa.
Aliança jurídica internacional
Rose, você possui uma trajetória jurídica sólida no Brasil. O que a motivou a buscar o processo de internacionalização de empresas brasileiras?
Rose Giacomin: A internacionalização de empresas brasileiras para os Estados Unidos é uma jornada que exige uma análise estratégica cuidadosa e uma equipe multidisciplinar. Minha experiência no campo jurídico nacional me mostrou que a expansão internacional vai além da simples adaptação de produtos e serviços; ela requer uma compreensão profunda das regulamentações locais, das diferenças culturais e do ambiente competitivo. Nos Estados Unidos, o cenário jurídico é dinâmico e cheio de nuances que, se bem compreendidas, podem facilitar a entrada e consolidação das empresas brasileiras. Ao firmar uma aliança com o escritório Bogin, Munns & Munns, minha intenção é fortalecer a exportação e criação de novas empresas no exterior, garantindo que elas contem com assessoria jurídica experiente. A parceria com a DG4Business complementa esse processo, oferecendo consultoria empresarial in loco para garantir o cumprimento dos requisitos essenciais.
Carlos, o que motivou você, um brasileiro atuando em um escritório renomado na Flórida, a se envolver no processo de internacionalização para empresas brasileiras?
Carlos Porfirio: Antes de imigrar para os EUA, eu já havia notado o poder de compra, a economia forte e a segurança jurídica nas relações comerciais norte-americanas. A segurança pública também me chamou atenção, com a sensação de tranquilidade no dia a dia. Compartilhei essas percepções com colegas e empresários, e percebi um movimento crescente de pessoas e empresas interessadas em empreendimentos internacionais. Quando decidi me mudar para os EUA, observei uma demanda crescente da comunidade brasileira em várias áreas, como alimentação, educação, saúde e direito imigratório. Esse cenário me posicionou bem para compartilhar minha experiência e ajudar meus conterrâneos em seus empreendimentos, seja através do escritório Bogin, Munns & Munns, onde trabalho, ou por meio de parcerias em áreas como finanças, educação e habitação.
Desafios da internacionalização
Quais são os principais desafios que as empresas brasileiras enfrentam no processo de internacionalização?
Rose Giacomin: Oferecer um Programa de Internacionalização exige uma grande responsabilidade, pois está intimamente ligado ao meu legado e à minha carreira, que têm impacto em todo o território nacional. Ao expandirmos a atuação do nosso escritório para o exterior, era fundamental encontrar aliados com a mesma missão e propósito. Apenas após essa etapa, vinculamos empresas a operações internacionais ou fortalecemos aquelas que já estão internacionalizadas e que buscam otimizar seu modelo de atuação global. Nos Estados Unidos, os principais desafios incluem a modelagem do plano de negócios, a análise de risco do investidor, o entendimento de boas práticas do setor e a conformidade com as leis locais. A adaptação às diferenças culturais e a criação de uma presença competitiva em um mercado altamente desenvolvido são cruciais. O ambiente regulatório nos EUA pode ser complexo e variar significativamente de estado para estado, exigindo uma abordagem jurídica bem estruturada.
Carlos Porfirio: O principal desafio é a informação correta. Quando se tem a informação, toma-se a decisão certa. A língua é a primeira barreira para muitos empresários brasileiros, e entender os requisitos legais exige uma explicação clara, além da simples tradução. O
direito comparado ajuda bastante no processo de explicação, mas os valores culturais mudam até mesmo o significado de termos jurídicos. Por exemplo, “Personal Injury” nos EUA refere-se a acidentes ou danos em geral, enquanto no Brasil está relacionado a crimes contra a honra. Ao entender os critérios exigidos pela lei americana para a abertura de empresas e processos imigratórios, buscamos explicar com clareza os objetivos que cada requisito legal visa alcançar.
Vistos de investidores e profissionais
Quais são os tipos de vistos que vocês mais lidam ao ajudar empresários e profissionais brasileiros a imigrar para os EUA? Existem requisitos específicos que eles devem atender?
Carlos Porfirio: Os vistos mais comuns que tratamos são EB-2, EB-1, EB-3 e EB-5. A maioria deles está relacionada ao nível profissional e acadêmico do requerente, bem como à capacidade de empreender ou investir. O EB-2, na rota NIW (National Interest Waiver), está em alta, pois não exige um patrocinador (sponsor) nos EUA para aplicar o processo ou uma oferta de trabalho, o que facilita ao requerente obter elegibilidade e aprovação com base em critérios profissionais e pessoais, como um bacharelado e pelo menos cinco anos de experiência progressiva na carreira.
Impacto das políticas imigratórias
Como as recentes mudanças nas políticas de imigração dos EUA impactaram o processo de obtenção de vistos para investidores e profissionais altamente qualificados?
Carlos Porfirio: Por se tratar de uma lei federal, o processo de mudança na legislação imigratória é muito rígido e requer a aprovação da maioria no Congresso. Democratas e Republicanos nem sempre entram em acordo, o que torna as mudanças lentas. Alguns estados, por terem autonomia legislativa, adotam medidas que “forçam” imigrantes ilegais ou indocumentados a saírem ou buscarem estados menos rigorosos. Entretanto, essas medidas impactam principalmente os imigrantes indocumentados e não afetam diretamente a obtenção de vistos para investidores e profissionais qualificados que desejam entrar legalmente nos EUA.
Atendimento personalizado
Como vocês adaptam seus serviços para atender às necessidades específicas dos clientes brasileiros? Existe uma abordagem diferente para cada setor ou tipo de negócio?
Carlos Porfirio: Sim. Existe uma abordagem diferenciada para cada setor e tipo de negócio. No escritório Bogin, Munns & Munns, que oferece um serviço completo em advocacia (full service law), temos atendimento especializado para cada área jurídica, como imigração, expansão de empresas, franchising, direito criminal, direito de família, direito imobiliário, entre outros. Com a parceria com Rose Giacomin, podemos atender melhor os clientes brasileiros, uma vez que temos um elo forte e uma aliança para cumprir nossos propósitos mutuamente.
Conexão jurídica para o sucesso internacional
Sinergia da Parceria
Como vocês veem a sinergia entre a DG4Business, Bogin, Munns & Munns e Rose Giacomin no apoio aos empresários brasileiros? Quais são os principais benefícios dessa colaboração?
Rose Giacomin: Acompanharei de perto os empresários no Brasil, enquanto Carlos Porfírio e Degoncir farão o mesmo nos EUA. Nossa atuação será personalizada para atender às necessidades específicas das empresas brasileiras, levando em consideração as particularidades de cada setor e tipo de negócio. Esse processo é dinâmico, abrangente (full service) e artesanal. Inicialmente, realizamos um diagnóstico aprofundado do perfil da empresa, identificando suas demandas e desafios específicos. A partir daí, desenvolvemos soluções sob medida que consideram não apenas o setor de atuação, mas também as regulamentações em se tratando de direito comparado.
Degoncir Gonçalves: Acredito que a sinergia é fundamental, pois as ações são acompanhadas e o plano é compartilhado. Os Estados Unidos são orientados por evidências, o que envolve ações concretas antes mesmo de se estabelecer no país. Nos planos de internacionalização, é comum que as empresas reforcem sua credibilidade por meio da demonstração de evidências. Nesse momento, a advogada Rose Giacomin, que reside no país, realizará consultoria com análise de risco da legislação nacional, além do planejamento empresarial e tributário do Brasil. Ao lado de Carlos Porfirio, que está vinculado ao escritório especializado nos Estados Unidos, integramos os esforços através da aliança com a Bogin, Munns & Munns. Com o apoio jurídico internacional, é possível entender como aproveitar as vantagens fiscais e obter todo o suporte necessário para o processo imigratório e a instalação adequada nos Estados Unidos.
Futuro da parceria
Quais são os próximos passos dessa parceria? Existem planos para expandir os serviços ou para novos projetos conjuntos no futuro?
Degoncir Gonçalves: Nosso plano é promover a expansão e aumentar a participação do Brasil no market share de segmentos importantes nos Estados Unidos. Um exemplo é a participação do Brasil na venda de móveis nos Estados Unidos, um mercado de cerca de US$ 200 bilhões, dos quais US$ 50 bilhões são para itens importados. As indústrias brasileiras representam apenas 0,8% do market share, contra 29% da China e 26% do Vietnã. Vejam a oportunidade de crescimento.
Recomendações aos empreendedores
Que conselhos vocês dariam para empresários brasileiros que estão considerando a internacionalização para os Estados Unidos? Quais são os passos fundamentais para garantir um processo bem-sucedido?
Degoncir Gonçalves: Acredito que o mais importante é ter um plano claro – não dá para improvisar. O conhecimento do seu público é fundamental, assim como a seriedade com que essa oportunidade deve ser levada. A construção detalhada da credibilidade da sua marca nos Estados Unidos é essencial, assim como garantir que o prometido poderá ser entregue. Contar com uma pesquisa de mercado antes da decisão final também é crucial, e a DG4Business pode ajudar com essa adaptação à cultura americana.
Impacto nos negócios
Como vocês acreditam que essa parceria pode impactar os negócios de empresas brasileiras nos Estados Unidos? Existe algum caso recente de sucesso que podem compartilhar?
Degoncir Gonçalves: O maior impacto é poder contar com empresas idôneas e capacitadas para preparar as empresas brasileiras para o mercado dos Estados Unidos. Como o planejamento estratégico considera todos os aspectos inerentes ao negócio, isso possibilita que os empresários obtenham conhecimento prévio da cultura local, demonstrem adequadamente a credibilidade aos potenciais clientes, entendam a forma de fazer negócios e explorem uma relação de longo prazo. Um caso prático é de um empresário da região de Vitória, no Espírito Santo, que buscava mais informações sobre a entrada adequada de seu produto no mercado dos Estados Unidos, além de entender o processo de aplicação para o visto de residência permanente no país. Após uma reunião na sede da Bogin, Munns & Munns, o cliente saiu com informações relevantes para a montagem do plano estratégico do negócio, abrangendo conhecimento de mercado, canais de vendas, barreiras tarifárias e não-tarifárias, escolha da região, início da operação, aspectos jurídicos e logísticos, certificações e compliance locais. Em uma ação conjunta, foi possível definir os passos para que o plano de mudança da família e a estratégia de entrada do produto tivessem maior chance de sucesso.
Carlos Porfirio: Esse esforço simultâneo é extremamente produtivo para todos nós, tanto como profissionais quanto como nação. Esperamos contribuir significativamente para ambos os países, EUA e Brasil, cuja relação tem sido calorosa, produtiva e promissora ao longo dos anos. Individualmente, também combinamos harmoniosamente em termos de interesses, personalidade e conhecimento técnico, cada um em sua área. Além disso, sentimos o dever de ajudar ao próximo como um propósito divino em nossas carreiras.
Rose Giacomin: Ao firmar a aliança com o escritório Bogin, Munns & Munns, assumi um compromisso baseado na harmonia de valores que compartilhamos, valorizando nossas raízes ao impulsionar a internacionalização de empresas brasileiras. Acreditamos que essa parceria não apenas fortalecerá o reconhecimento das empresas brasileiras atendidas em um mercado tão competitivo como o americano, mas também aumentará sua visibilidade e credibilidade. Quando essas empresas conseguem maximizar seus lucros ao receber em dólares e converter para o Brasil, isso fortalece suas operações nacionais e gera benefícios tangíveis na economia brasileira.